Segundo a OMS, o Brasil é um dos países que mais sofre com algum transtorno de ansiedade. Na pandemia, muitos pacientes, amigos e inclusive crianças, tem-me relatado desejo por consumir doces, ou comidas quentinhas e bem calóricas, justificando essas vontades por sentimentos de desconforto com a situação.
A ciência já provou que o consumo de alimentos ultraprocessados podem no primeiro momento promover prazer, mas poucas horas após o consumo e diariamente na rotina alimentar da família, podem contribuir para o aparecimento de várias comorbidades, na maioria das vezes, ganho de peso, desregulação hormonal, alterações nas papilas gustativas do paladar, entre outros.
Um organismo nutricionalmente equilibrado é mais resistente e menos suscetível ao adoecimento, por isso a comida de verdade (alimentos in natura, como: raízes, tubérculos, frutas, legumes, verduras, carnes em geral, ovos e cereais integrais) como base de uma alimentação diária, sempre será a primeira opção para uma dieta balanceada.
Por isso, venho aqui falar sobre nutrição em períodos de ansiedade – e nós podemos, sim, aplicando alguns conhecimentos da atenção plena, pensar um pouco mais na nossa alimentação, planejar o cardápio da nossa família e entender que existem muitas estratégias nutricionais que visam melhorar a qualidade de vida, neste aspecto.
É importante saber que a ansiedade é considerada patologia, e está classificada como transtorno de ansiedade generalizada (TAG) na lista CID-10 – esta é a Classificação Internacional de Doenças publicada pela Organização Mundial da Saúde, que busca padronizar a codificação delas e de outros problemas de saúde. Ou seja, pode ser muito mais do que uma sensação, um desconforto, por isso o tratamento médico e psicológico na maioria das vezes se faz indispensável.
Por isso, talvez seja o momento de você começar a praticar o Mindfulness, ou atenção plena: uma prática meditativa com resultados comprovados pela comunidade científica para o tratamento de sintomas e doenças relacionadas a saúde do corpo e mente. A prática nos instrui a termos atenção plena no presente, no aqui e no agora. Promovendo reflexões importantes que podem evitar o comer impulsionado pelos sentimentos.
Para saber mais sobre essa prática, recomendo a leitura no blog.
Como a nutrição pode fazer a diferença na saúde mental
Sabemos que o sistema gastrointestinal e o sistema nervoso estão ligados por meio do sistema entérico (localizado no intestino), por isso, a boa funcionalidade do sistema gastrointestinal depende do bem estar psíquico. Geralmente as doenças do sistema nervoso, causam falha nos neurotransmissores responsáveis pela produção de alguns hormônios como:
Os neurotransmissores são compostos por aminoácidos e parte deles são produzidos pelo nosso organismo e outra parte obtida através da alimentação, prática de exercícios físicos, meditação e etc.
Por isso uma alimentação equilibrada, bem colorida e em quantidades adequadas também poderá contribuir também para a produção de biomoléculas e neurotransmissores.
Vou citar três das muitas estratégias nutricionais que utilizo com foco na melhora dos sintomas da ansiedade, uma abordagem nem sempre prescritiva:
- Reduza o consumo de alimentos estimulantes negativos do sistema nervoso central como: bebidas alcoólicas, excesso de cafeína, açúcar, excesso de carnes e embutidos; introduza um tipo de exercício que proporcione prazer e mexer o corpo, por pelo menos 40min diariamente ( dançar, pular, brincar com seus filhos, praticar algum esporte que gere movimento corporal, respiração e distraia a mente); introduza na alimentação diária alimentos fontes de aminoácidos, nutrientes e não nutrientes específicos com função benéfica a saúde intestinal e mental como:
Alimentos fonte de GABA*: gérmen ou brotos de arroz integral, arroz integral, brotos de soja, feijão, milho, cevada, espinafre, couve, batata, castanhas, chá de lavanda, chá de melissa officinalis, camomila, kefir, kombuchá, banana verde.
Alimentos fonte de SEROTONINA**: aveia, banana verde, atum, salmão, arroz integral, ovo, amendoim, queijo, castanhas, leite, banana e, em parte, no chocolate meio amargo – as sementes de cacau contêm aminoácido triptofano.
*GABA é o principal neurotransmissor inibidor no sistema nervoso central dos mamíferos. É conhecido por acalmar e relaxar; por isso, equilibrá-lo adequadamente ajuda a reduzir o estresse, pois ele desacelera a atividade cerebral.
**SEROTONINA é conhecido como o estabilizador do humor, regula muitos mecanismos fisiológicos – influenciando no sono, apetite, humor, funções cognitivas, no nosso comportamento. A serotonina é produzida a partir do L. triptofano. Um aminoácido considerado essencial exatamente porque não é produzido pelo organismo. Assim, ele deve ser adquirido com uma dieta balanceada, de acordo com as necessidades de cada um.
Conforme avaliação da ingesta alimentar destes nutrientes em consulta nutricional, podem ser realizadas adequações na dieta do paciente e/ou quando necessário prescrito uma complementação através da suplementação ou fitoterapia. Estas são apenas algumas estratégias que podem ser prescritas no tratamento da sintomatologia da ansiedade por nutricionista. Para saber mais, entre em contato com a Clínica Plenitude para agendarmos uma consulta– nosso WhatsApp é (66) 99912-3673.

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