Peso do feto para o parto natural: há contraindicação se o bebê tiver mais de 4kg?

A primeira coisa que eu quero desmistificar neste texto é: não há contraindicação sobre o peso do feto para o parto natural! Muitos profissionais não se sentem aptos a assistir o parto natural de um bebê com mais de 4kg – isso acontece devido à falta de preparo e informação.  

Quando veem o peso da criança se aproximando dos 4kg, já consideram levar a mãe para uma cesárea, e fazem a mulher acreditar que o peso do feto é o critério para o parto cesariano – sendo que não é bem assim que funciona! 

Não há contraindicação do peso do feto para o parto natural! 

Eu apoio o parto natural, mesmo que a ultrassonografia da criança apresente mais de 4kg. São 4kg distribuídos pelo corpinho da criança – o peso não está direcionado apenas na cabeça e no ombro, e se a mulher quer e tem condição de tentar um parto natural, sua decisão deve ser respeitada.

Quantos partos eu já participei e vi o bebê nascer com 4kg ou até mais? Vários, e muitos de surpresa. Aí, eu me pergunto: “por que esses bebês não apresentaram problemas ao nascer, e outros dentro da barriga já são considerados inapropriados para nascer de forma natural, devido ao peso?”. Sem contar que quando falamos de indicativos para cesariana, o peso do feto não é um fator, tá?! Você não vai encontrar isso em nenhuma literatura!

O peso do bebê é um mito antigo

Infelizmente, o peso do feto, muitas vezes, é associado a um mito antigo: de que bebês só chegavam aos 4kg se a mãe fosse diabética. 

A patologia (diabetes gestacional) pode alterar o diâmetro biacromial do feto (ombro) – que pode levar à distócia de ombro no parto e, consequentemente, encaminham a mãe para um parto cesariano, pois o profissional não se sente preparado para realizar o manejo adequado para o parto natural.

Vale ressaltar que distócia do ombro é algo imprevisível e, de acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), “acontece, em torno, de 50% das vezes em bebês com peso adequado para a idade gestacional e pode ocorrer mesmo com a ausência de algum fator preditor.” 

Dependendo do grau de diabetes da mãe, o bebê pode, sim, sofrer com a doença. Mas também não significa que a mulher não pode dar à luz de forma natural. 

Devido ao mito e a falta de preparo, muitas mães estão sendo amedrontadas durante a gestação. Por apresentarem na ultrassonografia um indicativo de ‘’bebezão’’, essas mulheres ficam assustadas e desencorajadas até mesmo a não aguardarem o trabalho de parto – quem dirá viver o parto em si. 

Na grande maioria desses casos, os bebês nascem com peso abaixo dos 4kg – por isso, eu também falo que a ultrassonografia tem margem de erro, tanto para mais, quanto para menos. Vários fatores devem ser levados em consideração na avaliação, e, até mesmo, repetir o exame com outro profissional se for o caso. 

Ao escolher uma equipe, olhe para aquela que trabalha com base em evidências científicas – sei que a ansiedade da gestação pode te levar a escolher a primeira equipe só porque você foi bem tratada, mas isso não é pré-requisito, tá?! Ser bem tratada é o mínimo que podem te oferecer.   

Se você é tentante ou descobriu sua gestação recentemente, leia sobre tudo que envolve o tema. Questione e escolha bem sua equipe obstétrica; o parto depende de você, mas uma boa equipe faz a diferença!

Conte comigo para te ajudar a encontrar profissionais que vão suprir suas necessidades de forma respeitosa e acredite: nós temos essas pessoas ao nosso redor! 

Quer me conhecer? Eu sou enfermeira obstetra, parteira e doula. Sou apta a acompanhar e auxiliar desde o pré-natal até o pós-parto. Entre em contato comigo – estou à disposição.

Kelli-Gil
Enfermeira obstetra (COREN/MT – 360550 / RTE – 035926)
Doula; parteira; consultoria de aleitamento materno e laserterapeuta